A associação ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo divulgou os resultados do Estudo Nacional sobre o Ambiente Escolar.

Os resultados deste estudo realizado no final do ano letivo 2016-2017 junto de jovens LGBTI+ entre os 14 e os 20 anos de idade mostra que em situações de comentários homofóbicos, a intervenção de pessoal docente, não docente e dos próprios colegas é residual. Em 55% dos casos professores e funcionários simplesmente não actuam perante a homofobia a que assistem.

O estudo dá a saber que dois terços (66,7%) da amostra afirmaram ter sido alvo de agressões verbais por causa de características pessoais, a maioria por causa da sua expressão de género (66,6%), da sua orientação sexual (55,0%) e um quarto (25,7%) por causa da sua identidade de género .

No mesmo estudo pode ler-se que um/a em cada seis (17,9%) estudantes LGBTI+ sofreu assédio físico (ex: abanões ou empurrões) por causa de alguma característica pessoal: expressão de género, orientação sexual ou identidade de género. Uma das alunas inquiridas refere que foi espancada por estar na Marcha LGBTI. Outro aluno de uma escola portuguesa desabafou: “Os meus colegas apertavam-me o pescoço por eu ser gay”.

Mas o rol de experências negativas não fica por aqui. Quase 74% dos alunos e alunas em Portugal sofreu de exclusão deliberada por arte dos colegas, exclusão essa que se tornou regular ou frequente em 28% dos casos. Ser alvo de rumores e mentiras afectou 64% da comunidade LGBTI das escolas portuguesas. O assédio sexual, como toques não consentidos ou comentários sexuais, alcança os 45% da população estudantil dos 14 aos 20 anos.

Denúncias

Quando chega a altura das denúncias apenas um terço denunciou pelo menos uma vez estas situações ao pessoal docente e não docente da escola. E só um terço de quem denunciou considera que o pessoal docente e não docente da escola respondeu de forma eficaz às situações reportadas. As denúncias de homofobia/transfobia junto da família cifram-se também em um terço aproximadamente. Restam dois terços de casos nunca comunicados.

Absentismo e (In)Segurança na Escola

No que respeita ao absentismo verifica-se uma probabilidade quatro vezes superior de ter faltado à escola no último mês no caso de estudantes vítimas de discriminação em função da sua orientação sexual (22,7% versus 5,8%) ou da sua expressão de género (20,7% versus 4,6%).

Quem não sofre de vitimização por causa da sua orientação sexual revela um sentimento positivo de pertença à escola, comparado com os dois quintos (43,2%) que sofreram essa vitimização.

Por outro lado quando o número de pessoal docente e não docente que apoia estudantes LGBTI é maior, aumenta também a percepção de aceitação por parte da população estudantil (71,2% versus 44,4%), assim como o sentimento de pertença (65,2% versus 38,9%) e diminui a probabilidade de faltar às aulas devido à insegurança (9,0% versus 22,4%). O sentimento de pertença cresce e o absentismo diminiu quanto maior a intervenção de pessoal docente e não docente da escola perante comentários de teor homofóbico.

As conclusões do estudo evidenciam a necessidade de programas inclusivos, de políticas activas anti-bullying e sugere um conjunto de recomendações que visam ambiente escolar mais inclusivo e atento às especificidades de jovens LGBTI+.

Este estudo é uma iniciativa da ILGA Portugal com o apoio da GLSEN (Gay, Lesbian and Straight Education Network), e em parceria com o Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE-IUL e o Centro de Psicologia da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Responderam com a sua experiência pessoal 663 jovens que se auto-identificam como LGBTI+.

Fonte: Dezanove


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