A OMS – Organização Mundial de Saúde anunciou esta segunda-feira, 18 de Junho, uma decisão histórica: a retirada da transexualidade da lista de doenças mentais.
A última revisão desta norma tinha sido feita há 28 anos. Na última década, especialistas analisaram as informações científicas que permitissem criar um novo padrão que pudesse ser usado por profissionais da saúde em todo o mundo.
Até agora, as pessoas que não se identificavam com o sexo que lhes era atribuído ao nascer eram consideradas doentes mentais de acordo com os principais manuais de diagnóstico, devido à classificação em vigor da OMS. Por essa razão, nos últimos anos, activistas LGTBI reivindicaram a despatologização da transexualidade, defendendo que o transtorno de identidade de género, deixasse de ser considerada uma doença mental.
Esta mudança por parte da OMS mantém a transexualidade dentro da classificação para que uma pessoa possa obter ajuda médica se assim desejar, já que em muitos países o sistema nacional de saúde não reembolsa os tratamentos se o diagnóstico não estiver na lista.
“Queremos que as pessoas que sofrem dessa condição possam obter assistência médica se a necessitarem”, explicou o director do departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS, Shekhar Saxena. Mas a transexualidade deixou de ser considerada uma doença mental “porque não há provas de que uma pessoa com um transtorno de identidade de género tenha automaticamente um transtorno mental, embora aconteça muito frequentemente de sofrer de ansiedade ou depressão”. Saxena referiu que se uma pessoa transexual é identificada automaticamente como vítima de um transtorno mental, “em muitos países é estigmatizada e pode ter menos oportunidade de procurar ajuda”.
Cada país tem até 1 de Janeiro de 2022 para adoptar a nova CID (Classificação Internacional de Doenças). A CID é uma codificação padronizada de todas as doenças, distúrbios, condições e causas de morte. Esta norma serve para que os países obtenham dados estatísticos e epidemiológicos sobre a sua situação de saúde e possam planear os seus programas de saúde.
Um vídeo publicado no canal do Youtube da OMS dá a conhecer as novas alterações:
Recorde-se que em 2012 também a Associação Americana de Psiquiatria (APA), na última revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, deixou de considerar as pessoas transexuais como doentes mentais.
O mesmo aconteceu com a homossexualidade há 28 anos
A 17 de Maio de 1990 a OMS também retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. A data é, por essa razão, assinalada em todo o mundo como Dia Internacional de Luta Contra Homofobia e Transfobia.
Créditos foto: torbakhopper
Fonte: Dezanove
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