Relacionamentos abertos estão cada vez mais populares, principalmente entre casais gays, e a gerar diversas discussões sobre como um relacionamento neste formato pode dar certo.
Pois bem, foi a pensar nisto que a Universidade de Rochester, na Califórnia, realizou uma pesquisa para descobrir o que faz um relacionamento aberto ser bem sucedido.
Mais de 1.500 casais foram entrevistados para a tal pesquisa. A grande maioria estava entre os 20 e 30 anos de idade e uma média de 4 a 5 anos de namoro.
Aproximadamente 12% identificaram-se como gays / lésbicas, 11,5% como bissexuais e 17% como “heteroflexíveis” (ou seja, predominantemente heterossexuais, mas que não descartam a ideia de se relacionar sexualmente com alguém do mesmo sexo).
Os investigadores dividiram os entrevistados em cinco grupos:
- Dois monogâmicos (relacionamentos em estágio inicial e a longo prazo)
- Um grupo não monogâmico com consentimento (ou seja, totalmente aberto e honesto sobre isso)
- Um grupo não monogâmico com consentimento parcial (aqui, ambos os parceiros estavam em diferentes níveis de conforto, consentimento e comunicação em torno da atividade sexual do outro, e o desejo de monogamia era partilhado de maneira não uniforme por ambos)
- E, por fim, um grupo não monogâmico unilateral (ou seja, aquele em que uma pessoa faz sexo com outras pessoas, mas o seu parceiro não gosta, não concorda ou não sabe disso).
Um a cada 13 casais entrevistados classificava o relacionamento como “não monogâmico com consentimento“.
O estudo foi publicado em outubro no Journal of Sex Research e eis o resultado:
Segundo os investigadores, os dois grupos monogâmicos e o grupo não monogâmico consentido foram os que apresentaram maior satisfação no relacionamento. Já os grupos onde a não-monogamia era parcial ou unilateral, mostraram mais insatisfação na relação.
No grupo não monogâmico consentido, houve “baixo interesse pela monogamia e altos níveis de consentimento mútuo, conforto e comunicação sobre envolvimento e atividade sexual com uma pessoa fora da relação” (ou seja, ambos estavam confortáveis com o facto de se envolverem com pessoas fora do relacionamento e, inclusive, conversam constantemente sobre isso) .
A pesquisa não foi projetada para dizer se os relacionamentos abertos podem ser bem-sucedidos para todos, pois diferentes tipos de relacionamento se adequam a diferentes tipos de pessoas em diferentes situações. No entanto, a pesquisa também apontou que a comunicação é o elemento principal para que um relacionamento funcione bem, seja ele aberto ou fechado.
Roger Rogge, professor associado do Departamento de Psicologia da Universidade de Rochester, comentou sobre a pesquisa:
“Sabemos que a comunicação é útil para todos os casais. No entanto, é fundamental para casais em relacionamentos não monogâmicos, pois eles enfrentam os desafios extras de manter um relacionamento não tradicional numa cultura dominada pela monogamia“.
O professor também apontou as consequências causadas pela falta de comunicação numa relação:
“O sigilo em torno da atividade sexual com outras pessoas pode facilmente tornar-se tóxico e levar a sentimentos de negligência, insegurança, rejeição, ciúmes e traição, mesmo em relacionamentos não monogâmicos.“
Outros dados da pesquisa:
- Aqueles em relacionamentos não monogâmicos são mais propensos a relatar imediatamente o parceiro caso ocorra alguma infeção sexualmente transmissível.
- Pessoas em relacionamentos abertos consensuais estavam em namoros de longo prazo e, entre todos os cinco grupos, foram os que mais apresentaram vontade de morar e construir uma vida com o parceiro.
- O mesmo grupo – não-monogâmicos com consentimento – “também teve o maior número de entrevistados heteroflexíveis e bissexuais, sugerindo que os indivíduos da comunidade LGBT podem sentir-se mais confortáveis com relacionamentos não tradicionais”.
- Casais do mesmo sexo eram mais propensos a ter relacionamentos abertos.
- E pessoas em relacionamentos abertos parcialmente consensuais, ou que estavam a fazer sexo com outras pessoas sem o conhecimento do parceiro, “mostraram níveis mais altos de desconforto com apego emocional, sofrimento psicológico e solidão”. De facto, 60 % deles expressaram insatisfação significativa com os seus relacionamentos.
Fonte: Põe na Roda
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