Os perfis estão recheados de ofensas grotescas e preconceito contra homens gordos, negros, velhos e efeminados.

SPOILER: tu, eu, ele, o teu amigo fofo, o teu ex, o teu futuro namorado e o teu crush do terceiro andar estão presentes neste artigo de alguma forma, mínima que seja. Então, se não estás preparado para encarar umas verdades, pára por aqui.

O homem gay odeia a diversidade

Nós vemos o gay na rua, na fila do banco, na festa, no elevador e, com muita naturalidade, esquivamo-nos daquilo que não é o nosso “gosto” ou não corresponde ao nosso padrão de beleza.

Mas não somos capazes de manter a naturalidade (e o respeito) na aplicação de engate. Os perfis estão recheados de ofensas grotescas e preconceito contra homens gordos, negros, velhos, efeminados, e isso tem afastado esses homens cada vez mais do serviço que é feito para todos, sem nenhuma distinção, tornando a timeline uma vitrine de homens brancos, magros e peito definido.

“Não curto avôs”, “questão de gosto, mas não curto negros”, “gordos e magros nem tentem”, “procuro semelhante”, “procuro discretos fora do meio” são algumas das frases mais comuns nas bios de utilizadores que acreditam estarem a expressar apenas o seu gosto por um tipo de homem.

Na verdade, estão a destilar ódio à diversidade dos corpos e a desrespeitar um espaço que deveria ser ocupado por todos.

Tudo é possível, inclusive nada.

Sim, somos meros produtos em prateleiras deitados dentro do carrinho e excluídos na fila do caixa. E nada acontece. O “temos de marcar” vai tornar-se um eterno necrológio que não vai levar a lugar nenhum.

Se o produto que escolheste não estiver pronto para comer, esquece! E se não estiveres também pronto para ser consumido, prepara-te para ser cozido por semanas, tipo feijão em panela sem pressão, e torce para que um dia aquele contacto esteja com fome – e sem nenhuma outra opção.

Quem não vai ao ginásio não se cuida (contém ironia).

Esqueçam os exames médicos anuais, o sumo detox, a terapia, o desodorizante e as férias merecidas. O que precisas é… Treinar!

Sempre que vires um perfil com a frase “curto gajos que se cuidam” dá uma olhadela na foto dele… Percebeste? Ele é definido. Grosso. E ele tem isso como cuidado.

Não é vaidade, não é questão de saúde, nem de prazer; é cuidado consigo. Portanto, o gajo que não conseguiu músculos, o gordo, o magrinho, o gajo com barriguinha de cerveja, ESSE GAJO NÃO SE CUIDA. E já está fora do cardápio de uma infinidade de utilizadores que preferem gajos que o quê? Que se cuidam.

Porque só estamos bem cuidados se, aparentemente, PARECEMOS saudáveis.

A tua melhor foto é a tua pior informação.

Este bloco de texto não vai mudar nada, porque eu mesmo continuarei a colocar sempre a minha melhor foto no perfil da app e nem sob o comando divino mudarei isso.

Mas ela não transmite a tua realidade e isso, quase sempre, vai gerar um incómodo na hora do encontro. O facto é que o telemóvel na mão dá-nos poder, e esse poder precisa ser demonstrado, exibido, exaurido. São filtros, sombras, ângulos, sorrisos, poses e cabelos que quase nunca estarão expressos na cara naquele exato dia e momento do encontro.

Ah, isso vale para o ângulo da foto do teu pau, ok? Sabemos que a foto feita de cima expressa mais realidade, então o que fazemos? Uma foto por trás, apanhando toda a extensão do bonitão que sempre, sempre, e para todo sempre, parecerá maior na foto.

Estar na app ou fora dela não muda o teu status de gente.

“Eu não uso apps de engate.” Ah, gato, sentes-te o maior, não é? Aquele para casar, para levar no almoço de família, que não está atrás de putaria, que não curte expor-se e que não está a fim de fast-foda.

Então, deixa-me contar-te uma coisa: isso não muda nada em ti. O tempo trouxe-nos a tecnologia, e ela reconfigurou a forma de encontrar e conhecer pessoas. Engatar na rua, na festa, na sauna, na app de engate é a mesma coisa.

A tua busca e as tuas intenções devem ficar expressas e elas, sim, retratam aquilo que tu queres e escolhes para a tua vida, o teu corpo.

Menosprezar o rapazinho que tem perfil em três aplicações é apenas uma forma de preconceito com alguém que está viver a sua vida.

Portanto, meu caro, se não usas, parabéns! Se usas, parabéns também e vamos ser felizes.

Artigo original em Huff Post


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